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Toda luz que não podemos ver - Anthony Doerr



Olá leitoras e leitores, tudo bem como vocês?O livro de hoje é Toda luz que não podemos ver, do ganhador do prêmio Pulitzer de 2015, Anthony Doerr.

Demorei um pouco para lê-lo, até porque são 526 páginas, mas não só por isso.

A escrita de Doerr é extremamente minuciosa e detalhista. Todas as cenas e emoções são envolventes e bem descritas. É, sem sombra de dúvidas, aquele tipo de livro que você não pode ter pressa de ler.

Vou colocar a sinopse aqui para vocês e depois faço mais alguns comentários.

Sinopse:Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. 
Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.
Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.

Não preciso dizer muita coisa depois dessa sinopse, não é?

Em meio à guerra e à destruição, nos vemos envolvidos por Marie-Laurie, uma menina delicada e ao mesmo tempo forte, que não pode enxergar com os olhos, mas sente tudo com o coração. Ela é um exemplo de esperança e fé. Corajosa que só, se mantém firme até nos momentos mais difíceis, sempre acompanhada das lembranças do pai.

Werner, é apenas um garoto sonhador e curioso, apaixonado por rádios, obrigado a fazer parte do exército, deixando sua irmã  para trás.

Vou tentar não passar nenhuma informação crucial para vocês, mas como queria que esse final fosse diferente. Como eu queria que Marie-Laurie e Werner tivessem se tornado real! 

Por se passar em um cenário de guerra, sabemos que nem tudo será flores, porém, perto do fim do livro, há uma passagem que conta sobre Jutta, irmã de Werner e da Frau Elena que me deixou absurdamente triste e revoltada. 

Mesmo tendo retratado uma das maiores podridões do homem, Doerr conseguiu passar para o leitor muita emoção, carinho e coragem. Uma história que arrebatou meu coração.

Vou deixar aqui embaixo algumas frases que mais gostei, para você se apaixonar e ler o livro também.
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"Talvez o velho guia do tour do museu estivesse fora de si. Talvez o Mar de Chamas nem tenha existido, talvez as maldições não sejam reais, talvez o pai dela tenha razão: a Terra é toda feira de magma, crosta continental e oceano. Gravidade e tempo. Pedras são pedras, chuva é apenas chuva e maldições são apenas má sorte' - pág. 62

"-Transmissões  de Paris. Eles diziam o oposto de tudo o que a Deutschlandsender diz. Diziam que somos demônios. Que estamos cometendo atrocidades. Sabe o que significa esta palavra, atrocidades?...É certo - pergunta Jutta - fazer algo apenas porque todas as outras pessoas estão fazendo?" - pág. 137

"- Não conte mentiras. Minta para você mesmo, Werner, mas não minta para mim." - pág. 137

..."-Vocês vão se desfazer de suas fraquezas, de suas covardias, de suas hesitações. Vocês vão se tornar uma torrente, uma saraivada de balas. Todos vocês vão se lançar na mesma direção, com o mesmo ritmo, para a mesma causa. Vocês vão se privar de confortos; vão viver apenas pelo dever. Vão comer país e respirar nação." - pág. 141

..."- Mas eu não estava tentando alcançar a Inglaterra. Ou Paris. Pensei que, se fizesse uma transmissão realmente potente, meu irmão poderia me ouvir. Que eu poderia trazer alguma paz para ele, protegê-lo da mesma maneira como ele sempre me protegeu." - pág. 165

"- Existem dois tipos de morte - diz, o vapor de sua respiração mergulhando no frio - Vocês podem lutar como um leão. Ou podem se deixar apanhar tão facilmente quanto um fio de cabelo em uma xícara de leite. Os nadas, os ninguéns, esses morrem de maneira fácil." - pág. 196

"- Seu problema, Werner, - diz Frederick -, é que você ainda acredita que a sua vida lhe pertence." - pág. 227

..."Talvez ela represente  a impureza nele, a estática em sua transmissão, aquilo que os provocadores conseguem sentir. Talvez ela seja a única coisa que o impeça de se entregar inteiramente...É por ela que você luta. Por quem você morre."... - pág. 267

"Abram os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre." - pág. 268

"- A senhora nunca fica cansada de acreditar, madame? A senhora nunca quer uma prova?...
 - Você nunca pode deixar de acreditar. Essa é a coisa mais importante." - pág. 296

"- Na verdade, crianças, matematicamente, toda luz é invisível." - pág. 370

"- Eu a salvei apenas para ouvi-la morrer". -pág. 442

"Mas tenho que confessar que, se formos apanhados, vou me defender, mesmo que tiver que morrer para isso." - pág. 446

"- Quando perdi a visão, Werner - continuou ela - as pessoas disseram que eu era corajosa. Quando meu pai foi embora, as pessoas disseram que eu era corajosa. Mas não era coragem; eu não tinha escolha. Acordo todos os dias e vivo a minha vida. Você não faz a mesma coisa?" - pág.468

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A minha edição tem 526 páginas e é da #EditoraIntrínseca

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